sexta-feira, 29 de maio de 2009

O Paleolítico Inferior na Região de Alpiarça


Biface micoquense
Proveniência: Milharós. Alpiarça
Cronologia: Paleolítico Inferior
Tipologia: Biface em quartzito
Dimensão: largura 8,3 espessura 5,2 comprimento 21,6
Categoria: Paleolítico
Nº de inventário: 2001.58.1


Museu Nacional de Arqueologia


Raspador
Proveniência: Milharós. Alpiarça
Cronologia: Paleolítico Inferior
Tipologia: Raspador em quartzito
Dimensão: largura 6,52 cm espessura 3,76 cm comprimento 12,94 cm
Categoria: Paleolítico
Nº de inventário: 2001.59.1

Museu Nacional de Arqueologia








O Paleolítico divide-se em três períodos distintos: Paleolítico Inferior, Paleolítico Médio e Paleolítico Superior. É o Paleolítico Inferior e Médio que nos vai interessar, visto ser em Alpiarça que encontramos alguns dos sítios mais antigos de todo o país e que se podem datar na perfeição, uma vez que ainda possuem os seus estratos primários, ou seja, sem terem sido revolvidos.
A presença humana nesta região data de há mais de 100.000 anos. Os terraços fluviais do Tejo junto à vila fazem dela uma zona importante no estudo do Quaternário. Na zona do Vale do Forno foram encontrados depósitos e indústrias líticas datáveis do Paleolítico Inferior. Foram também descobertos vestígios de flora que talvez sejam anteriores à glaciação de Wurm, quando o vale do Tejo era uma planície húmida e verdejante talvez com algumas semelhanças ao clima actual.
A zona do Vale do Forno já é conhecida desde os anos quarenta, mas só nos anos oitenta é que começaram os trabalhos arqueológicos na zona de Milharós.
Na estação do Vale do Forno estão representadas a indústria “clacto-abbevilense”, atribuída ao Acheulense Antigo, com bifaces pouco evoluídos e machados primitivos. Os materiais associados ao Acheulense Médio estão representados na camada 4, 5 e 6, pertencentes ao período interglaciar Mindel-Riss. Existem ainda utensílios considerados Micoquenses, atribuídos ao período final do Acheulense. Deste período há a destacar a presença de bifaces tipologicamente muito evoluídos, machados primitivos, mas tecnicamente bem executados. Destacam-se ainda a presença de utensílios sobre lasca (idênticos aos do Paleolítico Superior).
Os locais arqueológicos de Alpiarça são de grande importância, pois os artefactos foram não só encontrados à superfície, como também no local original da deposição.
Os artefactos com maior destaque são os bifaces (24) e os machados (13) em quartzite. Contudo, foram também encontrados um pequeno biface em sílex e outros artefactos como: raspadores, denticulados, entalhes todos sobre lasca, raspadores sobre seixo talhado núcleos e lascas.
Na região de Alpiarça podemos destacar, em relação a este período, as seguintes estações arqueológicas: Vale do Forno, Barreiro do Tojal, Vale da Caqueira, Quinta do Outeiro, Vale da Atela, Barreira da Gouxa e Vale dos Extremos.


terça-feira, 19 de maio de 2009

Uma Proposta...


Pensamos, no entanto, que este museu poderá voltar a abrir ao público e poderá ser um “Museu de Comunidade”, espaço onde o museu se torna expressão localizada e única de uma forma de estar das populações, de valores adquiridos e sedimentados no tempo e no espaço e difunde para o exterior uma mensagem colectiva de relacionamento do Homem com a envolvente natural e social, preservando os testemunhos tradicionais que poderão ser entendidos como uma “caixa de memórias”, onde os homens de hoje podem revisitar as gerações que os precederam.

Idealizar um museu que reflectisse a evolução do concelho de Alpiarça nas suas vertentes: social, económica e cultural. Um espaço que nos conte a História da nossa terra, através das colecções de Arqueologia, História Local, Etnografia e outras colecções importantes para a compreensão da História do nosso concelho. Fazer do Museu Municipal de Alpiarça um local que possa devolver às gerações que as viveram as memórias da terra e da vila e às novas gerações o sentido de herança recebida e das suas raízes.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Onde "Andam" as Peças do Antigo Museu Municipal de Alpiarça


Antigo Museu Municipal de Alpiarça
Hoje é Dia Internacional dos Museus e é legítimo perguntar: Onde “andam” as Peças do antigo Museu Municipal de Alpiarça. Foi com indignação que vi o Museu Municipal encerrar, apesar de haver muitos que pensam que esta exposição era o parente pobre da Casa Museu dos Patudos, pensamos exactamente o contrário, cada um tem o seu espaço, a sua importância, as suas colecções, distintas é verdade, mas de grande importância. O Museu Municipal de Alpiarça representa um elemento importante para a nossa história local e principalmente para a compreensão da nossa identidade, não vamos de forma alguma branquear o passado e ocultar tão importantes fontes históricas. O acervo do museu era composto essencialmente por objectos relativos à vida quotidiana, aos trabalhos agrícolas (cereais, vinha/vinho e azeite) e à criação de gado e mostrava-nos de uma forma simples como era viver em Alpiarça durante os finais do século XIX e inícios do século XX. O acervo do museu municipal podia não ser tão importante como o da Casa Museu dos Patudos, é verdade mas, era composto por todo um conjunto de objectos com os quais trabalharam os nossos bisavós, avós e pais e que apesar de muitos deles terem a sua história afectiva foram doados pela população à Câmara Municipal para o museu e principalmente por essa questão deviam estar expostos ao público. As questões da cultura na nossa terra sempre foram postas em segundo plano, mas penso que já seria tempo de olharmos com outros olhos para estas questões. Penso que para nos sentirmos motivados para estas temáticas não é importante a leitura compulsiva nem a pseudo-intelectualidade, mas sim aceitarmos com gosto e com muito respeito a nossa história, o nosso património, as nossas origens, e o mais importante gostarmos desta terra que nos viu nascer. Nesse sentido é de grande importância que se valorize o património local, quer a nível arqueológico, artístico, etnográfico, histórico, museológico ou noutras áreas do património cultural. Partindo deste princípio não seria importante também a reabertura do museu municipal e o cumprimento das funções museológicas (investigação, documentação, conservação, comunicação e educação)? A esta iniciativa idealizada nos inícios dos anos noventa (1993) deveria ter sido dado o devido valor. Com uma abrangência territorial local o museu municipal tinha uma colecção de âmbito etnográfico.

domingo, 17 de maio de 2009

O SÍTIO ARQUEOLÓGICO DO ALTO DO CASTELO


O povoado do Alto do Castelo localiza-se numa elevação entre as necrópoles do Tanchoal e do Meijão, como não havia condições naturais de defesa foi construído uma muralha de terra batida antecedida por um fosso, que servia de defesa; o “muro” tem uma extensão que atinge os 1.150 metros e o “oppidum” (povoado fortificado) tem cerca de 30 hectares.

Esta estação arqueológica é conhecida desde o início do século por Mendes Corrêa e na década de oitenta é estudada pelo Instituto Arqueológico Alemão.

O Alto do Castelo tem uma cronologia anterior à época romana, pois foi ocupado durante a Idade do Bronze Final ou Ferro, no entanto não foi abandonado depois desta época pois tem também ocupação romana visto que se encontram materiais à superfície do período romano. Devido à presença de materiais romanos este poderá ter sido um castro romanizado.

Pensa-se que a fortificação é datada da época romana e que foi construída em cerca de 140 a.C. quando as legiões de Décimo Júnior Bruto iam a caminho do Alentejo.

Os materiais desta estação são entre outros: mós, fragmentos de ânfora, uma ânfora completa feita à roda, moedas romanas e fragmentos de cerâmica comum.

domingo, 10 de maio de 2009

Porquê um blog ?


O blog Alto do Castelo é um espaço para a divulgação de temáticas ligadas à História, Arqueologia e Património de Alpiarça. Ao longo de 15 anos de estudo e investigação sobre o património da minha terra descobri muita da sua identidade. O nome Alto do Castelo deve-se ao facto de este sítio arqueológico ser um dos que tem o povoamento mais antigo e naturalmente um local emblemático para o estudo da História e Arqueologia de Alpiarça. A nossa história local é riquíssima e não a podemos centralizar em torno da Casa dos Patudos e do grande republicano que foi José Relvas, nem tão pouco pensar que a história de Alpiarça tem “meia dúzia” de anos, têm muito mais, tem cerca de 100 mil anos quando os primeiros hominídeos escolheram estas paragens para executarem os seus primeiros utensílios em pedra lascada.

Infelizmente não tem havido por parte das autoridades competentes uma valorização do nosso património, em ano de eleições autárquicas esperamos que estas temáticas possam vir para os programas eleitorais e que lhe seja dada a sua verdadeira importância. Só com o conhecimento histórico de tudo o que nos rodeia poderemos preservar o património histórico - etnográfico e cultural da nossa terra.

A história local e a preservação do património cultural podem também ser um dos pontos de partida para o desenvolvimento local, nomeadamente na perspectiva do desenvolvimento turístico da região onde se inserem